quinta-feira, 17 de abril de 2014

Pais usam mesada eletrônica para educar pequenos

Cartões voltados para crianças ajudam a formar futuros adultos Rio - Com o objetivo de ensinar às crianças que dinheiro “não nasce em árvore”, administradoras de cartões eletrônicos apostam em produtos voltados especialmente ao uso da mesada. A iniciativa atrai cada vez mais clientes para as empresas, enquanto que para os pais, é uma oportunidade de passar ensinamentos aos pequenos com segurança e praticidade.

Um desses dispositivos é o cartão pré-pago Meo, gerenciado pelo banco Bonsucesso. Os pais inserem a quantia desejada em crédito no dinheiro de plástico e a criança usa a mesada em débito, sem precisar andar com dinheiro vivo no bolso.


Para a diretora de marketing do banco, Alexia Duffles, a segurança é um ponto forte do sistema. “O dispositivo oferece controle total por parte dos pais. Quando os pequenos fazem uma compra, por exemplo, o titular do cartão recebe um aviso no celular com hora, local e objeto adquirido”.

Além do Bonsucesso, as administradoras Caixa, MasterCard e Hipercard oferecem serviços semelhantes. Segundo o especialista em finanças pessoais Maurício Galhardo, o sistema é um forte instrumento de educação. “A tendência é que se use cada vez menos ‘papel moeda’, portanto é muito importante inserir a criança neste mundo”, avalia.

Seja em dinheiro vivo ou eletrônico, a mesada é um disseminador de valores essenciais que as crianças levam para a vida adulta. A psicóloga Rafaella Silveira explica que os pequenos não são capazes de entender o valor monetário até que sejam educados com esse objetivo. “É como um adulto que sempre viveu fora da cidade e sem os costumes capitalistas, ele não compreende como o sistema funciona”, exemplifica. Para tanto, ela recomenda que os pais ensinem algumas lições básicas por meio da mesada, como o valor do trabalho e a importância de poupar.

Assim como as atitudes dos pais são objetos de exemplo para o futuro financeiro dos filhos, a lição também é dada na escola. É o que acontece no Colégio Excelência, em Laranjeiras, que oferece aulas de Educação Financeira para os alunos. Pedro Andrade, de 11 anos, é estudante da unidade e cursa a disciplina. A mãe, Ibeli Andrade, 31, dá R$ 150 mensalmente ao menino e se diz satisfeita com o aprendizado dele.

“Meu filho agora sabe que não é possível ter tudo, então controla e gasta apenas com que vale a pena”, diz. O exemplo também é seguido na casa de Luana de Simone Oliveira, 10 anos. A mãe, Roberta De Simone, 33, diz que a menina escolheu guardar a mesada de R$ 50 mensais que recebe na poupança. “Tentamos ensinar que dinheiro não é tudo na vida nem é a coisa mais importante, mas é necessário poupar para garantir um futuro confortável. Nunca incentivamos o consumismo”, disse.

Como oferecer a mesada - 5 minutos com José Eustáquio, Economista

O economista e conselheiro em finanças pessoais explica qual é a importância da mesada para as crianças e como ela deve ser introduzida na rotina dos pequenos.

1. Qual a importância da mesada para a formação das crianças?
— É uma excelente forma de ensiná-las o significado do dinheiro, bem como a sua importância no dia a dia das pessoas e o que ele representa na vida da família.

2. Quais os valores se podem ensinar com o ato?
— A importância da participação de todos da família no planejamento dos seus gastos e, em especial, o valor das coisas de que necessitamos para o nível básico de sobrevivência.

3. Tem algum valor mínimo indicado para ser pago como mesada?
— Se as crianças estão em uma faixa de idade em que ainda não conseguem dimensionar os gastos no tempo, os pais podem, a partir do conhecimento do volume desses gastos, estabelecer esse valor. Mas, se as crianças já têm condições de identificar e definir os seus gastos, vale a pena um exercício conjunto, pais e filhos, para estabelecer o valor.

4. Em qual idade a criança pode começar a receber?
— A idade para participar do planejamento financeiro familiar e começar a cuidar do seu próprio orçamento deve ser aquela em que ela já consegue entender valor do dinheiro.

′Dar valor ao que se tem′

O diretor do Colégio Excelência, Ricardo Cruz, explica os pontos que são ensinados na aula deEducação Financeira:

Dar mais valor ao que se tem e não desperdiçar com bobagens.

Gastar por necessidade e não apenas por vontade.

Reduzir a cultura do consumo a qualquer custo.

Comprar de forma planejada e não por impulso.

Evitar fazer dívidas gastando o que não tem.

Comprar, sempre que possível, à vista, evitando a compra a prazo.

Construir a independência financeira.

Que Educação Financeira não é feita para aprender a guardar dinheiro e, sim, para aprender a como gastar o dinheiro que ganhou.

Que os seus desejos são ilimitados, mas os recursos são limitados.

Itaú destaca importância da educação

O Itaú-Unibanco tem uma estratégia para levar o conhecimento e a importância da Educação Financeira para as crianças, o programa Árvore dos Sonhos. O material didático é composto por livro infantil de autoria de Fabiano Alves Onça e arte de Tatiana Paiva que trata sobre como economizar e se preparar para o futuro por meio do menino Joãozinho e seu avô Pereira.

De acordo com o Itaú-Unibanco, o tema Educação Financeira, hoje, faz parte da agenda de todas as instituições bancárias e financeiras, que começou a ganhar destaque a partir da estabilidade da economia no país. De acordo com especialistas, antes, no período inflacionário, o recomendado era que se gastasse o mais rápido possível, para o dinheiro não perder valor diariamente, com a remarcação dos preços.


Fonte: O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário